Cirurgia íntima: quebrando tabus

Cirurgia íntima: quebrando tabus
Dr. Ricardo Kruse
Médico e cirurgião plástico com foco em todos os tratamentos e especialmente na cirurgia íntima: Dr. Ricardo Kruse, CRM-CE 11703 / RQE 6109
Criação: 6 jul 2017 · Atualização: 9 mar 2022
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A procura pela cirurgia plástica vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, ocupando o Brasil a segunda colocação em número de cirurgias estéticas no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Já em relação à cirurgia íntima, o Brasil é o primeiro colocado, superando os Estados Unidos em quase o dobro de procedimentos realizados nos últimos dois anos (dados da International Society of Aesthetic Plastic Surgery – isaps.org/News/isaps-global-statistics).

O termo cirurgia íntima engloba todos os procedimentos que podem ser realizados na região genital feminina, a fim de proporcionar satisfação e conforto à paciente, seja no aspecto visual bem como nos aspectos funcional e sexual. Desta forma, a importância desta área não se restringe apenas a questões estéticas, afinal, os resultados determinam uma melhora tanto na autoestima quanto na segurança sexual das pacientes.

Muitos acreditam que a cirurgia íntima se resuma à redução dos pequenos lábios (labioplastia ou ninfoplastia), ou que se trata da cirurgia da reconstrução do hímen (''cirurgia da virgindade"). Em realidade, a cirurgia íntima busca tratar o órgão genital feminino de maneira global, pois raramente as alterações anatômicas de determinadas estruturas, como os pequenos lábios, por exemplo, ocorrem de maneira isolada. Devido a isto, uma avaliação criteriosa realizada pelo especialista em cirurgia íntima é fundamental para a correta definição da conduta a ser executada para cada paciente.

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A procura por este tipo de procedimento costuma ocorrer inicialmente devido às características genéticas das pacientes, que se revelam na puberdade; ou durante a sua iniciação sexual, momento no qual a mulher começa a desenvolver a curiosidade em relação à sua genitália e um pudor em relação à sua imagem perante seu parceiro. Outro momento em que as mulheres voltam seus olhares para a região íntima ocorre já na maturidade. Seja devido à gestação, ao avançar da idade, à obesidade ou à perda de peso abrupta (dieta rigorosa ou cirurgia da obesidade), ou até mesmo com a chegada da menopausa.

As alterações determinadas por estes fatores na região íntima são passíveis de tratamento cirúrgico, não cirúrgico, ou mesmo de um tratamento combinado. Atualmente, devido à facilidade de acesso à informação, a mulher acaba inevitavelmente estabelecendo graus de comparação entre o que vê, definindo para si um parâmetro estético particular, o que ocorre também em relação às suas partes íntimas, elevando o seu nível de exigência na busca pelo completo bem-estar corporal.

A cirurgia íntima pode ser realizada sob anestesia local, com liberação logo após o procedimento, sem a necessidade de internação hospitalar, como ocorre geralmente nas correções de pequenos lábios. Quando os procedimentos apresentam um grau maior de complexidade ou quando são associados a outras cirurgias plásticas, podem ser realizados com sedação e anestesia peridural ou raquidiana e alta hospitalar no dia seguinte.

⬇️ Abaixo podemos ver uma entrevista realiza ao doutor Ricardo Kruse

1. Doutor, estamos falando de um procedimento cirúrgico? Que tipo de anestesia é usada?

Sim, a clitoroplastia é um procedimento cirúrgico, cujo nome trata de forma genérica das cirurgias plásticas que são realizada no clítoris, independentemente da técnica realizada. O principal objetivo na maioria dos casos é reduzir ou reposicionar o clítoris de maneira que o resultado estético final seja mais agradável à paciente descontente com a condição inicial, em geral, o tamanho aumentado às custas do efeito de hormônios considerados "masculinos", a chamada hipertrofia clitoriana. A anestesia de minha preferência envolve uma sedação, que é aplicada na corrente sanguínea para trazer maior relaxamento à paciente, somada à anestesia raquidiana (a "raqui"), aplicada nas costas, que realiza o bloqueio anestésico na raiz dos nervos de forma que a região a ser operada não sofra alteração na sua forma decorrente do inchaço que costuma ocorrer com a anestesia local, por exemplo. Com isso, a paciente ganha conforto durante o tempo cirúrgico e alto grau de refinamento no seu resultado cirúrgico final. 

  2. É verdade que aumenta o libido? Por favor explique… 

O que costuma ocorrer é que muitas das pacientes que têm o clítoris de tamanho aumentado acabam ficando com ele mais exposto "nas horas erradas". Como é um órgão extremamente sensível e sua única função é a sexual, ele acaba sofrendo com essa hiper exposição o tempo inteiro, não estando preparado para receber os estímulos que recebe ao entrar em contato com peças de roupa como calcinhas de renda, costuras de shorts, calças jeans, etc., o que torna isso extremamente desconfortável à mulher. Na tentativa de se proteger disso, a natureza, muito sábia, acaba "engrossando a pele" da ponta do clitóris (a chamada glande clitoriana) o que diminui a sensibilidade externa também em todos os momentos, inclusive para as relações - como uma espécie de "calo". A cirurgia ao reposicionar e recobrir a glande, protegendo-a como era originalmente antes dos efeitos hormonais, acaba, ao longo do tempo, trazendo de volta a delicadeza e sensibilidade da superfície da glande, principalmente para os momentos que realmente importam que são nas relações, onde ele pode ser acessado como antes, no lugarzinho dele abaixo do capuz do clitóris. 

  3. Como é o preparo para essa cirurgia?

O preparo é muito simples. É fundamental que a paciente passe em consulta presencial para podemos avaliar o caso e definir a causa que levou ao aumento do clitóris. Uma vez estabelecida e estabilizada a causa da influência hormonal que resultou no aumento clitoriano passamos para a realização dos exames pré-operatórios de rotina. Costumo solicitar exames de sangue, de urina, do coração e do pulmão já que a paciente irá passar por um procedimento cirúrgico com a presença de um anestesiologista da minha equipe que cuidará exclusivamente da sedação e da raqui. É fundamental que a paciente se prepare psicologicamente também, uma vez que estaremos atuando muito próximo a estruturas extremamente delicadas que são os nervos clitorianos e o risco teórico de afetar a sensibilidade existe, embora na prática não tenho visto acontecer da forma que realizamos a cirurgia. Estando tudo ok, é só marcar a data do procedimento.

4. Como é o pós-operatório da Clitoroplastia?

O pós-operatório da clitoroplastia é relativamente tranquilo, porém varia de paciente para paciente devido às características individuais de cada mulher. Na grande maioria dos casos o procedimento transcorre sem dor ou desconforto significativos. Quando acontecem, costumam ocorrer somente nos primeiros dias e ceder ao uso de analgésicos comuns e, em raríssimas exceções, à analgésicos mais "fortes". Uma pequena quantidade de sangramento pode aparecer nos primeiros dias, sendo normal acontecer. Sangramentos maiores ou hematomas podem ocorrer, mas não são comuns nem normais; no entanto, a conduta costuma ser expectante e não necessitar de nova intervenção, cessando espontaneamente. Os pontos são internos e utilizam fios absorvíveis, o que em geral dispensa a necessidade de retirada após a cirurgia, mas não dispensam o retorno para reavaliação pós-operatória. A região costuma ficar bem inchada no pós-operatório e este inchaço vai diminuindo gradativamente ao longo dos dias e dos meses. Com um mês já é perceptível a diminuição do inchaço, e com três meses a diferença já é bem notória. Com seis meses já dá para se ter uma ideia do resultado final, porém este só pode ser visualizado em definitivo com um ano de cirurgia. Durante este período, a paciente deve ficar atenta a qualquer alteração fora do comum e informar imediatamente ao seu médico caso ocorram ou caso surjam quaisquer dúvidas.

Consulta personalizada para cada mulher

5. Quais são os cuidados que o paciente deve ter?

O pós-operatório da clitoroplastia é o que requer mais cuidados por parte da paciente dentre as candidatas às cirurgias íntimas; mas também não é nada de outro mundo. Recomendo que as pacientes apliquem compressas geladas no local e realizem repouso relativo nos primeiros dias após a cirurgia (basta simplesmente "diminuírem suas atividades diárias") pois o perfil destas pacientes é de serem mulheres muito ativas. Atividades físicas e sexuais recomendo que se abstenham por um período de 45 dias em média. Pode parecer um excesso de zelo; porém, prefiro pecar pelo excesso do que arriscar prejudicar o pós-operatório e colocar o resultado a perder. A paciente não deve ficar estirando a região operada a fim de ficar querendo "ver o resultado" (basta tirar uma foto). Recomendo também que use somente saia ou vestido durante 30 dias que é para não correr o risco de apertar a área operada e fazê-la sofrer. Quanto à higiene, esta deve ser mantida normalmente, sem excessos. 

  6. Qual é o protocolo que você segue em seu consultório?

Costumo orientar que a mulher que pensa em se submeter a uma cirurgia íntima comece a planejar com no mínimo dois meses de antecedência à data pretendida para o procedimento. Dessa forma, temos tempo de fazer a avaliação, tirar todas as dúvidas, realizar os exames pré-operatórios, contornar algumas alterações (infecções urinárias, candidíase, etc.), amadurecer a ideia, preparar-se psicologicamente, garantir a disponibilidade da equipe, garantir a vaga no centro cirúrgico, etc. Isso não quer dizer que em menos tempo não consigamos operar, mas a chance de algum "dente desta engrenagem" não encaixar é maior e mais difícil de ser contornado. Uma vez operada, a primeira avaliação pós-operatória costuma ocorrer dentro de 5 a 15 dias da cirurgia, a depender da necessidade e da distância em que a paciente reside (outra cidade, outro país). Geralmente, o primeiro retorno ocorre em 7 dias e os seguintes em: 30 dias da cirurgia, 1 mês, 3 meses, 6 meses e finalmente um ano. Durante este período fico à disposição para a paciente entrar em contato e consultar presencialmente entre os retornos caso haja necessidade. 

  7. Que recomendações você faz aos pacientes que buscam esse tipo de tratamento?

A primeira recomendação que faço é que pesquisem bastante na Internet sobre o procedimento que desejam realizar. Assim, vão estudando sobre o assunto, se informado e criando um senso crítico a respeito do procedimento a que desejam se submeter, facilitando o diálogo e ganhando tempo na consulta presencial. Outra recomendação é de que agendem sua primeira consulta o quanto antes. Assim, muitas dúvidas vão sendo sanadas, podemos nos organizar com mais calma e amadurecer melhor a ideia de se submeter à cirurgia. A última e mais importante recomendação é que a escolha do profissional que vá realizar a sua cirurgia resida em um especialista que comprove durante a consulta através de exemplos de casos operados por ele a sua habilidade e capacidade de se aproximar o máximo possível do resultado desejado pela paciente, mais do que qualquer título, diploma, cargo, autoria de livro ou especialização que ele alegue possuir.

O pós-operatório é praticamente indolor, transcorrendo de forma simples e tranquila, geralmente requerendo somente cuidados locais. O rol de técnicas e procedimentos necessários para o tratamento adequado de cada caso em sua plenitude faz parte do arsenal terapêutico do profissional que se dedica ao universo desta delicada região da anatomia feminina. Ficou curiosa? Agende sua avaliação!

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